… talvez porque a Apple não inspira-se em ninguém

FILE PHOTO: Customers walk past an Apple logo inside of an Apple store at Grand Central Station in New York, U.S., August 1, 2018. REUTERS/Lucas Jackson/File Photo

Para quem usa e para quem não, sabe que a Apple é uma das marcas mais poderosas no mundo. A marca é sempre usada como referência por outras marcas. Todas as marcas QUEREM SER COMO A APPLE …

No entanto há um segredo óbvio para a Apple ser como a Apple, e há uma frase que reforça isso:

“Qualquer outra empresa mataria pelo sucesso do iPod, mas a Apple matou o iPod para ter o iPhone” – Polymater (The Grand Theory Of Apple)

Definitivamente acredito que o sucesso da Apple vem da sua visão de não inspirar-se em “ninguém”, de tomar decisões um pouco egoístas, de não explicar bastante e se possível matar o seu próprio sucesso para criar a próxima “grande coisa”, de perceber que inovar significa construir uma narrativa forte onde os produtos possam ser sustentados.

É comum ouvir que os novos produtos da Apple não tem inovação nenhuma, ou a concorrente já tinha antes, ou ver a Apple a remover uma funcionalidade “crucial” e mesmo assim criar buzz e redefinir a forma como usamos os produtos.

Isso faz da Apple Apple … e este é um preço que nenhuma outra marca ousa pagar.

O Branding é terra e o Produto a semente

A terra de um campo de futebol e o solo de um jardim podem parecer semelhantes, mas eles são mundos completamente diferentes. – Agricultura Moderna.

Na era da informação e inovação, os produtos/sementes tendem a ser iguais e consequentemente vender tem sido cada vez mais difícil.
 
Um dos motivos que está por trás dessa dificuldade, é que muitas marcas querem lançar o produto/semente, sem preparar correctamente o Branding/terra/solo.
 
O que acontece é que a semente é atirada para um solo sem nutrientes e pouco trabalhado, e isso leva a uma colheita fraca e se aparecer alguma praga (concorrência ou cliente insatisfeito) facilmente o produto fica afectado.
 
É importante que a abordagem Fast Food na venda do produto, esteja atrelada a um Branding recheado de vegetais, legumes, fruta e água.
 
Por isso a Apple, Nike e Coca-Cola “podem lançar produtos maus” ou simples que qualquer um pode fazer, mas no final do dia vão dominar o mercado porque o Branding Equity é muito elevado.
 
Inspirando-me em Franklin Roosevelt – ”Uma nação que destrói o seu solo se auto destrói.” Eu digo: Uma marca que negligencia o seu Branding se auto destrói.

O influencer é o palco e não o produto

Diariamente marcas procuram “Influencers” para representar seus produtos e serviços. Dentre vários critérios para definir o melhor influencer, as marcas apostam mais na popularidade (que muitas vezes não é poder de influenciar “engajamento”), mas sim a capacidade de expor o produto ou serviço (alcance).
 
 
Algo que tenho percebido, é que as marcas raramente definem a coreografia entre o influencer e o produto, o que muitas vezes acaba tornando o produto um palco para o influencer actuar e brilhar, pois o influencer já vem com ansiedade de popularizar-se e o produto fica para o segundo plano na mensagem.
 
 
O resultado desta ausência de coreografia, é visível nos comentários do Branded/Sponsored Content que o influencer cria, o que temos visto são aplausos ao influencer e não ao produto, marca ou ao universo verbal/visual do produto.
 
O Influencer é o palco e não o produto. O produto é que deve brilhar.

Identidade de marca: um passo gigantesco para a criatividade

É sempre mais fácil trazer uma ideia brilhante, quando há restrições e regras sobre para onde ela vai (forma e conteúdo). Estas restrições são encontradas na identidade de uma marca, e ajudam-nos a saber o que fazer e não fazer durante o processo criativo.

Diria que a criatividade nasce dessa restrição necessária e permissiva. É exactamente neste momento que somos desafiados a ir além do óbvio estabelecido no universo visual e verbal da marca.

Por outro lado, quando trabalhamos com marcas que não respeitam a sua identidade (se a tiverem), o trabalho inicia quando a ideia é apresentada ou melhor as regras são definidas por cima da ideia criativa, é de onde nascem coisas como: muda esta cor para um azul do céu, puxa o logo para baixo e coloca esta fonte mais rústica, acho que falta algo para dar aquele “tchan”.

A única certeza que tenho é: se não há uso do Brand Guideline, não tem como a ideia ser criativa o suficiente (pois sem regras não há limites de análise e apreciação). e assim nasce o: “até meu primo pode fazer ou até eu podia fazer mas não tenho tempo”.

Da próxima vez que for a trabalhar numa ideia, solicite os guidelines da marca, eles são um passo gigantesco no processo de criação.

 

 

 

Popularizar o produto não é popularizar a marca

Johnnie Walker, Nike, Mercedes, Apple (iPhone), Coca-Cola e DSTV são marcas populares.

Soldado, Frozy/Fizzy, So Klin, Tecno, Startimes são produtos populares.

Uma marca popular, é a mais desejada na sua categoria (poucas vezes consumida), o seu posicionamento é criado para que ela possa ser consumida com base no valor que agrega ao consumidor, e não pelo preço. E isso faz com que esta seja adquirida por preferência.

Um produto popular, é o mais consumido, e o seu posicionamento é criado para que ele possa ser adquirido ao menor preço possível e com facilidade. E isso faz com que este seja adquirido por necessidade.

A verdade é o que diferencia as marcas

Nos dias actuais, quase qualquer marca pode anunciar, a mídia ficou mais acessível e somos todos tentados a colocar algo lá (o que interessa é estar lá).

No meio a toda essa corrida para postar, anunciar, falar bem do produto/serviço, posicionar-se ou apoiar, um elemento que diferencia as marcas é a verdade, nem todas as marcas conseguem cumprir a promessa diária que fazem.

Marcas verdadeiras, mesmo não sendo muito criativas, ganham mais visibilidade e diferencial, pois, mantém uma consistência do que falam e quando interagimos com as mesmas, conseguimos sentir a vibração que vendem.